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Mostrando postagens de julho, 2012

Sentimental (Carlos Drummond de Andrade)

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Ponho-me a escrever teu nome com letras de macarrão. No prato, a sopa esfria, cheia de escamas e debruçados na mesa todos contemplam esse romântico trabalho. Desgraçadamente falta uma letra, uma letra somente para acabar teu nome! - Está sonhando? Olhe que a sopa esfria! Eu estava sonhando... E há em todas as consciências um cartaz amarelo: "Neste país é proibido sonhar."

Versos do dia

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Grande Fernado Pessoa, disse tudo : "Tudo vale a pena se a alma não é pequena" Tenham uma boa noite!

Tudo o que faço ou medito (Fernado Pessoa)

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Tudo o que faço ou medito Fica sempre na metade. Querendo, quero o infinito. Fazendo, nada é verdade. Que nojo de mim me fica Ao olhar para o que faço! Minha alma é lúcida e rica, E eu sou um mar de sargaço

Inconfesso desejo (Carlos Drummond de Andrade)

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Queria ter coragem Para falar deste segredo Queria poder declarar ao mundo Este amor Não me falta vontade Não me falta desejo Você é minha vontade Meu maior desejo Queria poder gritar Esta loucura saudável Que é estar em teus braços Perdido pelos teus beijos Sentindo-me louco de desejo Queria recitar versos Cantar aos quatros ventos As palavras que brotam Você é a inspiração Minha motivação Queria falar dos sonhos Dizer os meus secretos desejos Que é largar tudo Para viver com você Este inconfesso desejo

Versos do dia

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Boa noite!

Dia do escritor

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Porque escrever é confortante, porque escrever é como magica deixar transparecer emoção mais profunda, porque escrever é poder contar com um papel em branco como se fosse um amigo, porque escrevendo é quando eu não me sinto sozinha... E já não tenho nenhuma amarra, e me debruço sobre o caderno poisando sobre ele olhos, e peito, e alma. E quando muita vez uma lágrima molha o papel sei que alquilo que escrevi é também parte de mim... Escrever me eleva e me sinto como que tocando o céu, Escrever... Te tornas maior que todos os homens. - Larissa Rocha

Entre os teus lábios (Eugénio de Andrade)

Entre os teus lábios é que a loucura acode, desce à garganta, invade a água. No teu peito é que o pólen do fogo se junta à nascente, alastra na sombra. Nos teus flancos é que a fonte começa a ser rio de abelhas, rumor de tigre. Da cintura aos joelhos é que a areia queima, o sol é secreto, cego o silêncio. Deita-te comigo. Ilumina meus vidros. Entre lábios e lábios toda a música é minha.

Versos do dia

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Desejo-te quando longe (David Lobo Cordeiro)

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Q uero-te tanto não te tendo Tendo-te tão pouco te quero Não te tendo não me entendo Ao ter-te não me tolero Ao ter-te apenas pouco, te amo Meros minutos . . . eternidades . . . Logo cessam as vaidades Quando partes, logo te chamo Imploro aos ventos que apareças E a prece ao ser ouvida Sopra teu corpo, alegre promessa Que terei depois da tua partida... http://www.astormentas.com/PT/par/poemas/David%20Lobo%20Cordeiro

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior (Florbela espanca)

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Ser poeta é ser mais alto, é ser maior Do que os homens! Morder como quem beija! É ser mendigo e dar como quem seja Rei do Reino de Aquém e de Além Dor! É ter de mil desejos o esplendor E não saber sequer que se deseja! É ter cá dentro um astro que flameja, É ter garras e asas de condor! É ter fome, é ter sede de Infinito! Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim... É condensar o mundo num só grito! E é amar-te, assim, perdidamente... É seres alma, e sangue, e vida em mim E dizê-lo cantando a toda a gente!

She walks in beauty (Byron)

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Geralmente eu posto aqui no blog poemas em língua portuguesa, porém gosto muito de Lord Byron e este é um daqueles dias em que estou com vontade de ler um autor específico, então resolvi postar este poema chamado Ela caminha na beleza, onde ele basicamente descreve a mulher amada de forma romântica e idealizadora. She walks in beauty, like the night Of cloudless climes and starry skies; And all that's best of dark and bright Meet in her aspect and her eyes: Thus mellow'd to that tender light Which heaven to gaudy day denies. One shade more, one ray less, Had half impair'd the nameless grace Which waves in every raven tress, Or softly lightens o'er her face; Where thoughts serenely sweet express How pure, how dear their dwelling place. And on that cheek, and o'er that brow So soft, so calm, yet eloquent, The smiles that win, the tints that glow, But tell of days in goodness spent, A mind at peace with all b

No mistério do sem-fim (Cecília Meireles)

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No mistério do sem-fim equilibra-se um planeta. E, no planeta, um jardim, e, no jardim, um canteiro; no canteiro uma violeta, e, sobre ela, o dia inteiro, entre o planeta e o sem-fim, a asa de uma borboleta

Todos os poemas são de amor (Mário Quintana)

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Se o poeta falar num gato, numa flor, num vento que anda por descampados e desvios e nunca chegou à cidade… se falar numa esquina mal e mal iluminada… numa antiga sacada… num jogo de dominó… se falar naqueles obedientes soldadinhos de chumbo que morriam de verdade… se falar na mão decepada no meio de uma escada de caracol… Se não falar em nada e disser simplesmente tralalá… Que importa? Todos os poemas são de amor!

Especial dia do Rock

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Hoje é o dia mundial do rock e como grande fã desse gênero eu não poderia deixar de prestar uma pequena homenagem afinal rock é poesia!

Versos do dia

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‎''Se for verdadeiro vai acontecer, independente de tempo e distância" - Cazuza  Tenham uma boa noite! 

Soneto do amor total (Vinicius de Moraes)

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Amo-te tanto meu amor... não cante O humano coração com mais verdade... Amo-te como amigo e como amante Numa sempre diversa realidade. Amo-te enfim, de um calmo amor prestante E te amo além, presente na saudade. Amo-te, enfim, com grande liberdade Dentro da eternidade e a cada instante. Amo-te como um bicho, simplesmente De um amor sem mistério e sem virtude Com um desejo maciço e permanente. E de te amar assim, muito e amiúde É que um dia em teu corpo de repente Hei de morrer de amar mais do que pude.

Soneto do anjo de maio (Ruy Espinheira Filho)

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Então, em maio, um Anjo incendiou-me. Em seu olhar azul havia um dia claro como os da infância. E a alegria entrou em mim e em sua luz tomou-me o coração. Depois, suave, guiou-me para mim mesmo, para o que morria, em meu peito, de olvido. E a noite, fria, fez-se cálida — e a mágoa desertou-me. Já não eram as cinzas sobre o Nada, mas rios, e ventos, e árvores, e flamas, e montes, e horizontes sem ter fim! Era a vida de volta, resgatada, e nova, e para sempre, pelas chamas desse Anjo de maio que arde em mim!  

Versos do dia

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Foi só por ti (Larissa Rocha)

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Foi só por ti que derramei Lágrima quente em noite fria Mágoa em forma de versos, sofri tanto Por um amor que só eu sentia.   Jogaste o tempo todo com meu coração Tal e qual a tua vontade E é porque o amor não prende Que te deixo ir e abraço a saudade   Mas saiba... Foi por ti apenas Que amorosa lira eu escrevia, Tudo por tuas carícias pequenas.   Então vai... Não há mais volta Não te prenderei   como queria Em vez disso meu amor te solta!

Os versos que te fiz (Florbela Espanca)

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Deixa dizer-te os lindos versos raros Que a minha boca tem pra te dizer! São talhados em mármore de Paros Cinzelados por mim pra te oferecer. Têm dolência de veludos caros, São como sedas pálidas a arder... Deixa dizer-te os lindos versos raros Que foram feitos pra te endoidecer! Mas, meu Amor, eu não tos digo ainda... Que a boca da mulher é sempre linda Se dentro guarda um verso que não diz! Amo-te tanto! E nunca te beijei... E nesse beijo, Amor, que eu te não dei Guardo os versos mais lindos que te fiz!

Versos do dia

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A dor que a minha alma sente (Camões)

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A dor que a minha alma sente... Não a saiba toda a gente... Que estranho caso de amor... Que desejado tormento... Que venha a ser avarento, Das dores da minha dor! Por me não tratar pior, Se sabe ou se sente, não a digo a toda a gente! Minha dor e a causa dela. A ninguém ouso falar. Que seria aventurar, A perder-me ou perde-la, Pois só em padece-la a minha alma está contente. Viva no peito escondida... Dentro da alma sepultada... Ou me mate... Ou me dê vida... Ou viva eu triste ou contente, Não quero que saiba a gente!

Morte, juízo, inferno e paraíso (Bocage)

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Em que estado, meu bem, por ti me vejo, Em que estado infeliz, penoso e duro! Delido o coração de um fogo impuro, Meus pesados grilhões adoro e beijo. Quando te logro mais, mais te desejo; Quando te encontro mais, mais te procuro; Quando mo juras mais, menos seguro Julgo esse doce amor, que adorna o pejo. Assim passo, assim vivo, assim meus fados Me desarreigam d'alma a paz e o riso, Sendo só meu sustento os meus cuidados; E, de todo apagada a luz do siso, Esquecem-me (ai de mim!) por teus agrados Morte, Juízo, Inferno e Paraíso.

O legítimo pedido (Raquel Mesquita)

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Faço-te um pedido, Faz-me o favor de o cumprires! Peço-te… Quando te lembrares de mim, Esquece-me por mais uns anos! A nossa beleza está em não nos falarmos… E dar-mos ao silêncio o triunfo da sua sabedoria. Ver, Não dizer uma palavra, Reter as lembranças… E deixar a imaginação cuidar do futuro. É só o que te peço!

Versos do Dia

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Minha amante (Álvares de azevedo)

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Ah! volta inda uma vez! foi só contigo Que, à noite, de ventura eu desmaiava... E só nos lábios teus eu me embebia De volúpias divinas! Volta, minha ventura! eu tenho sede Desses beijos ardentes que os suspiros Ofegando interrompem! quantas noites Fui ditoso contigo! E quantas vezes te embalei tremendo Sobre os joelhos meus! Quanto amorosa Unindo à minha tua face pálida De amor e febre ardias! Oh! volta inda uma vez! ergue-se a lua, Formosa como dantes, é bem noite, Na minha solidão brilha, de novo, Estrela de minh'alma! Desmaio-me de amor, descoro e tremo... Morno suor me banha o peito langue... Meu olhar se escurece e eu te procuro Com os lábios sedentos! Oh! quem pudera sempre em teus amores Sobre teu seio perfumar seus dias, Beijar a tua fronte e em teus cabelos Respirar ebrioso! És a coroa de meus anos breves, És a corda de amor d'íntima lira, O canto ignoto, que me enl

Versos do dia

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Há palabras que nos beijam (Alexandre O'neil)

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Há palavras que nos beijam Como se tivessem boca, Palavras de amor, de esperança, De imenso amor, de esperança louca. Palavras nuas que beijas Quando a noite perde o rosto, Palavras que se recusam Aos muros do teu desgosto. De repente coloridas Entre palavras sem cor, Esperadas, inesperadas Como a poesia ou o amor. (O nome de quem se ama Letra a letra revelado No mármore distraído, No papel abandonado) Palavras que nos transportam Aonde a noite é mais forte, Ao silêncio dos amantes Abraçados contra a morte.