Sobre o regaço (Gustavo Adolfo Bécquer)

 
Sobre o regaço tinha
o livro bem aberto;
tocavam em meu rosto
seus caracóis negros.
Não víamos as letras
nem um nem outro, creio;
mas guardávamos ambos
fundo silêncio.
Por quanto tempo? Nem então
pude sabê-lo.
Sei só que não se ouvia mais que o alento,
que apressado escapava
dos lábios secos.
Só sei que nos voltámos
os dois ao mesmo tempo,
os olhos encontraram-se
e ressoou um beijo.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Sou um evadido (Fernando Pessoa)

Teus Olhos (Junqueira Freire)

Fui um doudo em sonhar tantos amores (Álvares de Azevedo)